Às vezes me
perguntam de onde vem a minha coragem pra fazer coisas que só eu invento e
tento. Ora, sem cerimônia lhes digo que a coragem não vem de lugar algum. Não a
sei coragem e não sabê-la pode ser tê-la. O que me move se traduz no desejo
intrínseco de viver o novo. Não é privilégio da minha carne, do meu sobrenome
ou do meu dna, que eu saiba.
Eu vejo o
novo e sempre o vislumbro melhor que o agora. Ninguém explica esse fenômeno no
meu signo que se caracteriza pelo apego ao que passou. Mas o novo que vislumbro
não me faz desgarrar de minhas memórias, saudades, segredos, medos que foram
porque ainda, em menor escala, em roupagens de gala, o são. Nada do que foi, se
foi por completo, pode ser que só me deixou desperto, esperto pro próximo
furacão.
O não-medo
que atribuem à coragem tampouco existe. O medo apenas não transpõe a barreira
altíssima do sonho para se instalar em algum lugar. Fica contido como medo tem
que ser. Sem se anunciar nem se apagar, quieto e esperando atenção. No sonho do
novo não o vejo, só o que de mim será melhor ao passar do agora para o próximo
passo.
Para onde
vou não sei, só sei que onde estou não fico. O mundo move e eu devo fazer o
mesmo. Voltar pode ser ir para o novo. Ir pode ser ver e vencer. Não tenho
muita certeza, mas vejo o que pode ser, e no que pode ser, não tenho o que perder, não tenho porque hesitar.