Proseio
sobre a espera sem saber muito dela. Se é ela que mora no amor, ou se o amor
que é parte dela. Há as que tiram o coração do peito e o põe na mão. Há as
costumeiras, com as quais se coexiste sem aspirações. Mas ainda as que dóem. As
que fatigam o amor e o reservam ao relento, sem saúde, sem se saber são.
Existem
também as que não reconhecemos que temos. As que os outros nos informam que ali
estão. Há as que demoram por natureza, as que tem mais silêncio dentro e fora.
As que marejam os olhos sem permissão. Há as que trazem alegria: anseio, suor,
frio e borboletas. Nem por isso menos morosas. Feitas de tempo que se pensa que
perde. Feitas, na verdade, de tempo em que se procura não se pensar. Tempo
preenchido com pequenas e grandes coisas, com o ir e vir e o voltar. Tempo em
que se busca não olhar o mar, não ver fotos nos álbuns e não ouvir músicas que
despedacem. No fim todo tempo de espera é tempo que se cede, querendo ou não.
Tempo que depois se quer recobrar no encontro.
A espera é
um ponto. Que liga o tenho ao quero. O agora ao incerto. O fim do ciclo ao
começo de outro. Onde gira a roda viva cujo eixo é um mistério.
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