domingo, 28 de setembro de 2014

[MUITO MANHÃ]


Silêncio no mundo, palavras em mim. Soam ao pé do ouvido sem quem as diga. Vibram o suficiente pra me levantar. As palavras me tem; no compasso delas me anuncio nos feitos e nos não-feitos; naqueles que nesse dia precisam sair direitos, direto da cabeça pras mãos, das mãos para o papel, do papel para o sentimento de dever cumprido.

As palavras que me soam de além, ou aquém, me dizem que estar inquieto é estar vivo. Acordo e me movo. Nos livros, palavras não minhas, significadazinhas com a ajuda do meu querer. No sofá, minha preguiça não autorizada. Na porta minha pressa, que me bate sem que eu queira, me chamando de um lugar que é maior que eu, para o dever. Na porta, ela presa, tesa no que ainda preciso fazer. Na cozinha, meu apreço quente solta vapor sobre a mesa de canto. Me chama para uma exorcização do sonho, um chacoalhado de cabeça, goles sem pensar, quase nada para ser.

Não há muito o que narrar no silêncio que desbravo e furo com meus passos, meu sono, minha congestão e minha confusão. Me parece hora propensa, suspensa, densa para eu também calar em mim o que não merece quebrar este ou nenhum outro estado de graça. 

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