quinta-feira, 13 de agosto de 2015

[(PRE)TENSO]



Não há silêncio o suficiente na minha vida, mas algo me diz que estou são. Há barulhos que se colocam no meio da minha paz e os que me movem. Há perguntas que me perseguem, vozes que me percebem, olhares que não precisam de signos para conectar-se com o meu. Pequenas mágicas diárias acontecem e preciso de atenção para elas. Se apenas eu pudesse andar com uma placa que dissesse “em atenção” para que ninguém interpelasse a minha meditação. É que medito andando, comendo e fazendo o que me é essencial. Medito em companhia. Com músicas cujas letras entendo e as de letras que me são apenas botões coloridos, presos na pauta musical, envolvidas na casa de sua medida, em colcheias pausas ou pontos, para fechar a música completa. Medito ouvindo os outros e fingindo que os ouço. Meio que medito e medito inteiro. Às vezes me doo, às vezes algo me dói. Se não medito, não anseio, se não anseio vivo menos. Medito pequeno, pouco para não pirar. Leio poesia em forma de meditar. Refaço falas minhas, o que quis e não quis dizer. No meio de um turbilhão de vida presente, não quero estar preso na mente; vou, à esmo mesmo, viver. 

Foto: Barbara Lanz