Não há
silêncio o suficiente na minha vida, mas algo me diz que estou são. Há barulhos
que se colocam no meio da minha paz e os que me movem. Há perguntas que me
perseguem, vozes que me percebem, olhares que não precisam de signos para
conectar-se com o meu. Pequenas mágicas diárias acontecem e preciso de atenção
para elas. Se apenas eu pudesse andar com uma placa que dissesse “em atenção”
para que ninguém interpelasse a minha meditação. É que medito andando, comendo
e fazendo o que me é essencial. Medito em companhia. Com músicas cujas letras
entendo e as de letras que me são apenas botões coloridos, presos na pauta
musical, envolvidas na casa de sua medida, em colcheias pausas ou pontos, para
fechar a música completa. Medito ouvindo os outros e fingindo que os ouço. Meio
que medito e medito inteiro. Às vezes me doo, às vezes algo me dói. Se não
medito, não anseio, se não anseio vivo menos. Medito pequeno, pouco para não
pirar. Leio poesia em forma de meditar. Refaço falas minhas, o que quis e não
quis dizer. No meio de um turbilhão de vida presente, não quero estar preso na
mente; vou, à esmo mesmo, viver.
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