domingo, 27 de abril de 2014

[LÍNGUA MÃE]


Materna.
Em teu seio, ó liberdade.
Canta em tons nordestinos
na minha fala
inexoravelmente.
Resolve os meus sentimentos
Ordena os meus momentos
Me põe moderna.

Manda na minha poesia
Medo do que dela não conheço.
Amando vou, no presente
A mando de meu próprio coração
Distorcendo-a livremente
Com a maior
E sem a menor intenção.

Se me deparo com ela no silêncio,
inimiga.
Se a completo com  línguas primas,
abriga.

No escuro do meu peito
Sem anunciação e sem jeito
Deixo ela me narrar a vida
À torto e à direito.

Foto: Museu da Língua Portuguesa

segunda-feira, 21 de abril de 2014

[TEMPO PERDIDO]


Faz tempo não faço um poema.
Faz tempo não proseio
como poderia,
como pradaria.
Como prosa ria
quem ri
amena.

Não sei por onde começar,
que rimas combinar;
em que
e quem pensar,
com redondilhas menores -
para ouvidos melhores
aguçar.

Passo a mão na inspiração,
jamais a perna
pra que eu não a perca e ela não me deixe
no desleixe de não sentar:
papel, caneta  e solidão.

Faço
versinhos ingratos,
já não me saem baratos;

mas selam a vontade de então.

domingo, 6 de abril de 2014

[REGALO]


Te dou um beijo.
Quero que você me devolva ele.
Na devolução, movimento e presteza
No fechar dos olhos,
atenção e certeza.
Vontade de beijar de leve
Aproveitando discreto
o ensejo.

Te dou um papel
em branco amarelo.
Quero que me devolva ele.
Na devolução,
traços de nanquim e desejo.
No fechar dos ossos,
Imprecisão e preto.

Ah, vontade!

(Eliza Araújo e Débora Gil Pantaleão)

Foto: http://www.pinterest.com/pin/212372938650495050/