segunda-feira, 18 de agosto de 2014

[DIALÉTICA DA CORAGEM]


Às vezes me perguntam de onde vem a minha coragem pra fazer coisas que só eu invento e tento. Ora, sem cerimônia lhes digo que a coragem não vem de lugar algum. Não a sei coragem e não sabê-la pode ser tê-la. O que me move se traduz no desejo intrínseco de viver o novo. Não é privilégio da minha carne, do meu sobrenome ou do meu dna, que eu saiba.

Eu vejo o novo e sempre o vislumbro melhor que o agora. Ninguém explica esse fenômeno no meu signo que se caracteriza pelo apego ao que passou. Mas o novo que vislumbro não me faz desgarrar de minhas memórias, saudades, segredos, medos que foram porque ainda, em menor escala, em roupagens de gala, o são. Nada do que foi, se foi por completo, pode ser que só me deixou desperto, esperto pro próximo furacão.

O não-medo que atribuem à coragem tampouco existe. O medo apenas não transpõe a barreira altíssima do sonho para se instalar em algum lugar. Fica contido como medo tem que ser. Sem se anunciar nem se apagar, quieto e esperando atenção. No sonho do novo não o vejo, só o que de mim será melhor ao passar do agora para o próximo passo.

Para onde vou não sei, só sei que onde estou não fico. O mundo move e eu devo fazer o mesmo. Voltar pode ser ir para o novo. Ir pode ser ver e vencer. Não tenho muita certeza, mas vejo o que pode ser, e no que pode ser, não tenho o que perder, não tenho porque hesitar. 

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