Queria um
jogo de palavras acariciadas, não jogadas. Palavrinhas cismadas, sentadas em
círculo. Virtuosas, penteadas. Comportadas e contidas em não causarem intrigas.
Palavras amigas. Dessas que fazem companhia. Das que cercam silenciosas,
tímidas. Das que dizem o necessário, categoricamente fechando a cortina de
momentos dramáticos, selando os porquês e a legitimidade das dúvidas que vão
mais fundo.
Palavras
humanas e por isso imperfeitas. Das que relevam uma incerteza, uma metáfora,
uma ironia. Das que revelam mais que o que se diz. Das que se revisita na intenção
de lapidar o discurso, nas que se volta para explicar que “não foi o que quis
dizer”. Palavras mais vivas que eu, de preferência, mais inteligentes. Com
coragem de serem suficientes, certas, próprias para hora, dia e lugar.
Palavras
ademais mais elegantes, mais donas de si. Com menos rodeios, receios, receitas.
Das que ressoam na memória; das que somem comidas pela história, virando
imagens grandes, causando palpitações no peito, impedimento de ver direito,
anseio. Palavras que outrora, na verdade em outra hora, velassem pelo meu sono,
zelassem pelos meus passos, abrissem meus olhos e meu pensamento. Apenas para
que meu dicionário e minha alma, que delas transborda, fossem riquezas.
Vou levar pro sarau!
ResponderExcluirOba, grava pra eu ver?
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